segunda-feira, 25 de junho de 2018

O que muda na moda quando pessoas negras conseguem chegar ao poder?

Virgil Abloh com sua coleção para a NikeLab (NIKELAB/Reprodução)


O número de profissionais negros em cargos executivos na moda ainda é baixo. E isso precisa mudar.

O estilista norte-americano Virgil Abloh, 38 anos, fundador da marca Off-White, foi anunciado com novo diretor artístico da linha masculina da Louis Vuitton e acaba de desfilar sua primeira coleção para a label. Abloh é o primeiro profissional negro a ocupar esse cargo na marca e um dos dois únicos designers negros numa posição de c O outro nome é do francês Olivier Rousteing, 32, há nove anos na Balmain. Antes deles, na história, apenas o britânico Ozwald Boateng foi um designer negro num cargo executivo de uma marca de luxo tradicional, enquanto trabalhava para o masculino da Givenchy, entre 2003 e 2007.

“Virgil e Olivier passam a representar não apenas, mas também uma parcela de pessoas negras que consome marcas como essas”, comenta o estilista Isaac Silva. “Isso pode se refletir em outras casas, mas nós precisamos entender que existe um longo caminho. Trata-se de um racismo estrutural. A moda, apesar de um mercado de muitos setores, ainda é em sua maioria branca”, continua.
De Chicago e formado em engenharia e arquitetura, Virgil Abloh virou DJ e stylist e se destacou no circuito fashion depois de trabalhar por 14 anos como diretor artístico do rapper Kanye West. Ambos, inclusive, fizeram estágios juntos na Fendi no ano de 2009. E sem receber nada.

Abloh ainda foi recentemente ranqueado pela revista Time com um dos 100 nomes mais influentes do mundo.  Não há dúvida de que a sua contratação na Louis Vuitton está diretamente associada à sua expertise como designer e o impacto que ele tem no mundo da moda atualmente, mas a sua presença nesse lugar ganha também outros sentidos.

Kanye West e suas criações (Retrato: Getty Images / Yeezy/Divulgação)

“Uma das maiores formas de militância é mostrar que você está num cargo como esse por seu conhecimento”, avalia a stylist Suyane Ynaya, que também faz parte do coletivo criativo MOOC. “Existem muitos talentos como Virgil , mas eles, se forem negros, demoram metade de sua vida para serem descobertos. Quando um de nós ocupa um espaço como esse, existe um sentimento de que as coisas podem mudar”, ela analisa.

 
Por Gabriel Monteiro 

Fonte: Ellen