Líderes
empresariais estão evitando encampar publicamente o nome do industrial Josué
Gomes da Silva para o Ministério do Desenvolvimento, que ficará vago com a
saída de Fernando Pimentel para a disputa do governo de Minas Gerais. Apesar de
gostarem da opção, não querem se sentir devedores da presidente Dilma Rousseff.
A
presidente aposta todas as fichas em Josué, dono da indústria têxtil Coteminas
e filho do vice-presidente José Alencar, para quebrar a tensão com o setor
produtivo. Segundo funcionários graduados do governo, se ele não aceitar, Dilma
não tem um plano B no empresariado.
Nos
últimos dias, o governo emitiu sinais de que gostaria que líderes dos
empresários venham a público mostrar apoio a Josué. Procurada, a Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) preferiu não se manifestar. A
CNI (Confederação Nacional da Indústria) informou que seu presidente, Robson
Andrade, está em férias.
Segundo
a Folha apurou, a cautela deles e de outros nomes fortes do empresariado tem
dois motivos: não constranger Josué a aceitar o cargo; e não transformar a
indicação do dono da Coteminas num pleito da indústria.
Críticos
do governo Dilma, eles não querem passar a impressão de que estariam colocando
seu representante no Ministério, o que poderia enfraquecê-los em futuras
divergências com o Planalto. A empresários que o procuraram para manifestar
apoio, Josué disse que, por enquanto, trata-se "de especulações". À
Folha, ele também afirmou que não comentaria "especulações".
Dentro
do Planalto, a possibilidade de Josué assumir a pasta do Desenvolvimento é
tratada como estratégica para melhorar o relacionamento com o setor produtivo.
O entorno da presidente sabe que, para os empresários, o governo é fechado,
comunica-se mal e ignora suas queixas. O dono da Coteminas seria a solução para
diminuir essa distância.
A visão
do empresariado em relação a Josué, no entanto, não é uniforme. Para os
industriais, o filho de José Alencar seria um potencial defensor de bandeiras
tradicionais do setor como câmbio desvalorizado, juros baixos e medidas de
defesa comercial contra produtos estrangeiros. Esse não é o perfil ideal para
setor financeiro, que implica com qualquer coisa que lembre interferência do
governo no mercado.
DILEMA
A
decisão de Josué não é fácil. Ele se filiou recentemente ao PMDB para
candidatar-se a um posto eletivo, preferencialmente senador por Minas Gerais,
seguindo os passos do pai.
Sua
candidatura ao Senado é bem vista por parte do PT, que ganharia o apoio de um
nome de peso na coligação mineira. O problema é a concorrência do atual
governador, Antonio Anastasia, que pretende concorrer à mesma vaga pelo PSDB e
é bem avaliado pela população. Outra opção seria ser vice na chapa de Pimentel.
Se
Josué resolver se candidatar em vez de ser ministro, aumentam as chances de
escolha de um técnico para a pasta do Desenvolvimento, situação que Dilma
gostaria de evitar. Um dos cotados é Mauro Borges, presidente da ABDI (Agência
Brasileira de Desenvolvimento Industrial), sugerido por Pimentel.
Fonte: Folha Online