segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Brasil foca no mercado de algodão da Ásia

Maior consumidor mundial de algodão, destino de metade das importações globais da pluma, a China está 'perdendo' para outros países asiáticos a competitividade na área têxtil. Com os custos mais altos de mão de obra, essa cadeia antes instalada na China está se deslocando para outros países da região, como Tailândia, Indonésia, Vietnã e Bangladesh. Juntos, esses mercados importam por ano cerca de 2,2 milhões de toneladas.


De olho nessa tendência, produtores brasileiros de algodão estão organizando visitas sistemáticas a potenciais compradores do algodão nesses países. A última ocorreu na primeira quinzena deste mês, diz o presidente de uma das principais companhias produtoras do algodão no Brasil, a Vanguarda Agro, Arlindo de Azevedo Moura.


A China ainda é soberana na Ásia, com importação anual de 8 milhões de toneladas da pluma. Em 2012, o Brasil embarcou 1,052 milhão de toneladas de algodão, das quais cerca de 800 mil para países da Ásia, como China, Indonésia, Coreia do Sul, Tailândia e Vietnã. "Há potencial para aumentar esses volumes, mas algumas mudanças no mercado brasileiro precisam ocorrer", diz Moura.


O executivo se refere às velhas queixas dos importadores. A principal delas é a demora na entrega do produto. Devido à crônica limitação logística do país, o prazo de entrega da mercadoria no destino após o pagamento pelo cliente (que ocorre na entrega do produto no porto no Brasil) é de, em média, 40 a 50 dias, segundo Moura. "Nos Estados Unidos, esse prazo é de 15 dias". O executivo explica que neste ano, com a crise nos portos, essa demora ficou entre 60 e 70 dias.


É preciso também, afirma Moura, que haja mais homogeneidade nos lotes embarcados a partir do Brasil. Parte da solução, segundo ele, deve vir da adoção em maior escala de variedades transgênicas no Brasil. Nesta safra, em torno de 30% da área plantada é de sementes transgênicas, percentual que deve crescer para 80% em três anos, na avaliação de Moura.


Outro ponto a ser resolvido, segundo ele, é a falta de constância nos volumes exportados ano a ano. Somente nos últimos cinco anos, houve safras em que o Brasil exportou 500 mil toneladas, outras, 1 milhão e neste ano, não deve passar de 400 mil toneladas. "Mas os produtores terão que se comprometer a variar menos a área plantada de um ano para outro", diz Moura.


Fonte: Valor Econômico