quarta-feira, 14 de março de 2012

Bahia puxa avanço da indústria do NE

Fonte: Valor on line

Com a ajuda dos setores têxtil, de vestuário e acessórios, produtos químicos e de refino de petróleo e álcool, a indústria nordestina cresceu 5,7% entre dezembro e janeiro, já descontados os fatores sazonais, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse resultado contrasta com a queda de 2,1% registrada na produção industrial nacional no período.

O avanço no Nordeste foi puxado pela Bahia, onde a produção industrial aumentou 12,6% entre dezembro e janeiro, já com os ajustes sazonais. "Isso não quer dizer que o setor esteja bem e recuperado. Esse crescimento se dá sobre bases já muito deprimidas", destaca João Marcelo Batista Coelho Alves, superintendente de desenvolvimento industrial da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). No ano passado, a indústria baiana encolheu 4,4%, enquanto a produção industrial nacional teve expansão de 0,3%.
 
Dados do IBGE mostram que quatro setores levantaram a produção industrial da Bahia entre dezembro e janeiro (sem ajuste sazonal): refino de petróleo e álcool (19,3%), produtos químicos (42,5%), borracha e plástico (6%) e veículos (34%). Alves explica que o crescimento neste período é um ajuste após paradas na produção no fim do ano passado. "Muitas empresas desses setores deram férias coletivas e aproveitaram para fazer manutenções nos equipamentos. Agora, estão retomando as atividades", afirma.

No Ceará, embora a produção industrial tenha caído 3,1% entre dezembro e janeiro, já com os ajustes sazonais, os setores têxtil e de vestuário e acessórios esboçam uma recuperação. No período, os avanços, sem o ajuste, foram de 29,5% e 28,4%, respectivamente. "Estamos percebendo uma reposição de estoques, depois da retração de 2011", conta Pedro Jorge Viana, economista da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Feic).

Segundo ele, há a expectativa que o governo tome medidas para compensar o aumento das importações, que têm prejudicado os negócios nesses setores. "Os empresários já estão se programando com base nessa possibilidade", diz. O economista lembra que o aumento de 14% no salário mínimo também deve impulsionar o consumo, e este fator já está sendo incorporado ao planejamento das empresas.

O setor têxtil, em sua avaliação, não será o único beneficiado pelo aumento da renda. A produção de alimentos e bebidas, diz Viana, também deve ser impulsionada pela renda extra.

Para Júlio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), é grande a possibilidade de que o reajuste no salário mínimo permita à indústria nordestina uma volta ao crescimento neste ano, após a retração de 4,7% em 2011. O Ceará, em sua avaliação, deve ser o Estado nordestino mais beneficiado pela expansão da renda, já que sua indústria é fortemente voltada ao consumo. "O setor alimentício e de bebidas tem um peso muito forte no Ceará e deverá ser o mais influenciado pelo reajuste do salário mínimo", afirma.

Em todo o país, a produção industrial caiu em 9 das 14 regiões monitoradas pelo IBGE. De acordo com a Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física Regional, o Estado do Pará registrou o maior recuo (13,4%) em janeiro frente a dezembro, já feitos os ajustes sazonais. Houve quedas fortes também na produção do Paraná (-11,5%) e Rio (- 5,9%). Em São Paulo, o recuo foi de 1,7%. Na mesma base de comparação, a produção industrial em Goiás avançou 3,3%. No Rio Grande do Sul, o setor cresceu 0,5%.
 
Para o gerente de coordenação da indústria do IBGE, André Luiz Macedo, a queda de 30,7% na produção brasileira de veículos no período afetou mais as indústrias de São Paulo, Rio e Paraná, Estados nos quais o setor tem maior representatividade na produção industrial geral. A produção de veículos desses Estados tem peso de 16%, 8% e 12%, respectivamente.