terça-feira, 30 de junho de 2015

China pesa nos resultados

Enquanto a maioria dos principais países fornecedores de vestuário com destino aos EUA continuou a assinalar ganhos em abril, foi a China que mais pesou no crescimento das importações de vestuário americanas, registando todavia o seu segundo declínio anual. 

Dados recentemente publicados pela divisão de têxteis e vestuário do Departamento de Comércio americano mostram que o volume de importações de vestuário americanas aumentou 1,2% em abril, face ao mesmo período do ano anterior, ficando aquém do acréscimo de 24,5% registado em março. As importações fixaram-se em 1,91 mil milhões de metros quadrados equivalentes (SME na sigla inglesa), um aumento face a 1,89 mil milhões de SME, assinalados em abril do ano passado.

Individualmente, ocorreram diferenças substanciais entre o desempenho dos principais países fornecedores. As expedições provenientes da China, o maior fornecedor de vestuário dos EUA, decaíram 12%, fixando-se em 570 milhões SME em abril, o segundo decréscimo anual, depois de uma quebra de 7,8% em janeiro.

Porém, as exportações de vestuário do rival Vietname rumo aos EUA continuaram a aumentar, crescendo 19,4% para 259 milhões de SME, em comparação com igual período do ano anterior. O Bangladesh, alocado na terceira posição, registou um aumento de 16,5% das suas expedições de vestuário, totalizando 153 milhões de SME.

A Índia apresentou, também, um bom resultado em abril, reportando um crescimento de 10,8%, que totalizou 105 milhões de SME. No que diz respeito a importações provenientes de outros importantes fornecedores, um crescimento anual foi igualmente reportado pela Indonésia (+ 3,6%, fixando-se em 120 milhões de SME), Honduras (+ de 1,9%, somando 80 milhões de SME), Camboja (+ de 5,3%, totalizando 93 milhões de SME), México (+ de 9%, fixando-se em 83 milhões de SME) e Paquistão (+ 0,8% para 51 milhões de SME).

No extremo oposto, encontra-se El Salvador, cujas expedições de vestuário rumo aos EUA diminuíram 19,2% em base de comparação anual, fixando-se em 55 milhões de SME.


Para lá dos números


Apesar dos aumentos salariais concedidos aos fabricantes de vestuário chineses, resultando num acréscimo dos custos de produção têxtil e fabricação de vestuário chineses, o país permanece na liderança da indústria.

Os especialistas acreditam que indústria do vestuário chinesa está em fase de consolidação, ao invés de retração. Os 10.916 produtores de vestuário do país produziram 29,6 mil milhões de peças em 2014, um aumento de 1,6% em base anual, pelo que nenhum outro país se pode equiparar à China em termos de dimensão da sua base de fornecimento.

Desta forma, a China continuará a ser a força motriz da produção de vestuário num futuro previsível. Um relatório da McKinsey & Company afirma que isso se deve a um «domínio do mercado de aprovisionamento de vestuário global, a uma mudança direcionada para os consumidores chineses e o tamanho substancial da sua crescente classe média».

Paralelamente, o Vietname tem sabido aproveitar os benefícios resultantes de um momento em que compradores e produtores optam por diversificar as suas cadeias de aprovisionamento. O segmento de vestuário do país também está a ser impulsionado pelos benefícios antecipados da Parceria Trans-Pacífica, um tratado de comércio que inclui o Canadá e os EUA.

Em simultâneo, a indústria de vestuário do Bangladesh continua a sedimentar a sua posição enquanto destino de terceirização de baixo custo, apesar das questões de segurança existentes. Desde o colapso do edifício Rana Plaza em abril de 2013, foram aplicados dois importantes planos corretivos, em cooperação com autoridades governamentais, que procuram solucionar as questões pendentes relativas à segurança e aos direitos dos trabalhadores, incluindo o encerramento de algumas fábricas de vestuário.

Os investidores globais continuam a apelar a marcas de vestuário e retalhistas, incentivando-os a revelar mais informações sobre as medidas tomadas para melhorar as condições dos trabalhadores do sector de vestuário do Bangladesh.
Revisão anual

Se, por um lado, os dados mensais são frequentemente voláteis, reportando grandes variações de um mês para o seguinte, uma perspectiva ampla mostra que as importações de têxteis e vestuário americanas aumentaram 7% entre janeiro e abril, fixando-se em 19,44 mil milhões de SME, face a 18,17 mil milhões de SME, assinalados no mesmo período do ano anterior. Neste contexto, as importações têxteis cresceram 8,6%, fixando-se em 11,23 mil milhões de SME, enquanto as expedições de vestuário subiram 4,9%, totalizando 8,22 mil milhões de SME.

As variações entre os três principais países fornecedores de vestuário, durante os quatro primeiros meses de 2015, mostram que a China cresceu 5%, fixando-se em 2,97 mil milhões de SME, o Vietname aumentou as suas expedições em 14,6% para 1,02 mil milhões de SME e o Bangladesh registou um acréscimo de 9,1%, fixando-se em 630 milhões de SME.

Estes ganhos estenderam-se às Honduras, que registou um aumento de 4,2%, fixando o resultado em 336 milhões de SME, Índia, com 391 milhões de SME, na sequência de um aumento de 8,5%, e México, cujo crescimento se fixou nos 3,3%, somando 312 milhões de SME.

Em oposição, foram assinalados decréscimos por parte da Indonésia, com uma diminuição de 5,1%, fixando o resultado em 457 milhões de SME, Camboja, com uma quebra de 3,7%, totalizando 356 milhões de SME, e El Salvador, com 235 milhões de SME, em resultado de uma diminuição de 1,9%. As expedições provenientes do Paquistão mantiveram-se estáveis, nos 199 milhões de SME.

Fonte: Portugal Têxtil