terça-feira, 18 de março de 2014

Têxteis marcam presença dentro e fora do guarda-roupa

Quando se pensa em indústria têxtil e de confecção é normal que logo venha à mente imagens de camisetas, calças, blusas, casacos e artigos de vestuário em geral. Também é recorrente lembrar dos desfiles e das semanas de moda. No entanto, os têxteis estão por todos os lados em diversos outros setores e não somente nas peças que estão no guarda-roupa.

O setor têxtil vai além da confecção de vestuário e produz também artigos para áreas como a automobilística, médica, construção civil, agribusiness, filtração e diversas outras, que necessitam dos chamados tecidos técnicos (criados para funções definidas) e os nãotecidos (estruturas consolidadas por processos mecânicos, químicos ou térmicos).

Verdadeiros camaleões, os tecidos técnicos e os nãotecidos geralmente são produzidos para atender alguma demanda específica como impermeabilizar estradas ou filtrar o ar condicionado de um carro. Estes produtos podem ser feitos de polímeros, fibras, fios ou filamentos para conferir características como resistência à abrasão, condutividade térmica e alongamento.

De acordo com dados da Abint – Associação Brasileira das Indústrias de Nãotecidos e Tecidos Técnicos, a produção estimada de tecidos técnicos, em 2012, foi de 342.505 toneladas, com 45.204 toneladas importadas e 15.579 exportadas, empregando 25.903 pessoas. Já os nãotecidos, no mesmo período, produziram 337.527 toneladas, com 36.031 importadas, 53.816 toneladas exportadas e trabalho direto de 18.843 pessoas.

O presidente da Abit, Rafael Cervone, também considera o segmento importante para a indústria. “Há mais de 150 itens dentro do carro e mais de 40 % de artigos dentro de uma residência são compostos por produtos têxteis. Nos automóveis, por exemplo, os têxteis estão dentro de diversos componentes como uma correia de transmissão”, comenta.

Outros itens dentro de um automóvel são produzidos com produtos tecidos técnicos e nãotecidos como o revestimento dos bancos, os carpetes, estofamentos, cintos de segurança, costuras e até mesmo os imprescindíveis airbags. Para a aplicação deles em um veículo é levado em consideração uma série de fatores que incluem, até mesmo, a estética e o toque dos tecidos que irão nos porta-malas e porta-luvas, por exemplo.

Marília Biill, supervisora de Color & Trim da Volkswagen do Brasil, afirma que há um trabalho forte na escolha de todos componentes têxteis que serão utilizados. “Temos uma equipe interna de designers responsáveis pelo desenvolvimento do projeto que pode levar até quatro anos para um carro novo e uma média de nove meses no aprimoramento de um veículo”.

Outro aspecto relevante para a escolha dos tecidos técnicos e nãotecidos nos automóveis é a capacidade deles de conter ruídos. “A chapa pura tem reverberação de sons muito alta”, aponta Luiz Alberto Veiga, diretor de Design & Package da Volkswagen do Brasil. “Por isso, as mantas das paredes internas dos carros têm capacidades de isolamento acústico e passam também por testes de segurança, resistência e abrasão”, complementa.

Residências e estabelecimentos comerciais também utilizam tecidos técnicos ou nãotecidos em grande quantidade nos forros dos sofás, colchões, cortinas e persianas especiais, revestimentos em pisos ou divisórias (geralmente de escritórios) e lonas, comuns no comércio, mas também presentes em varandas para servir de cobertura. Além de artigos mais usuais como bolsas, malas, carpetes e a base deles, os tecidos técnicos e nãotecidos fazem parte da composição de até mesmo embalagens de produtos alimentícios.

As aplicações dos tecidos técnicos e dos nãotecidos vão ainda além e abarcam os compositórios, exemplificados por roupas à prova de balas, blindagens e artigos de higiene pessoal, como é o caso das fraldas e dos lenços umedecidos, até no agribusiness para coberturas, ambientação e armazenamento. Uma listagem com as principais aplicações pode ser verificada nos manuais da Abint.
Pelas estradas

A empresa Ober Geossintéticos faz parte das área de geotêxteis e geossintéticos que apresenta crescimento tanto no número de empresas quanto na quantidade de novos produtos lançados. Inclusive, esta ramificação do segmento de tecidos técnicos e nãotecidos esteve entre os temas do ITMF - International Textile Manufacturers Federation, em 2012, a principal conferência da indústria têxtil no mundo.

Obras de grande porte como canalização, metrô, mineração, aterros sanitários e, especialmente, rodovias têm aplicação dos produtos deste segmento. “Destacam-se os geotêxteis, geomembranas,  geocélulas, com funções como reforço, filtração, drenagem, proteção, impermeabilização, controle de erosão superficial, dentre outros”, afirma Carlos Vinicius Benjamim, coordenador técnico da Ober.

“São produtos muito versáteis, com grandes vantagens sobre as soluções consideradas convencionais na engenharia civil. Têm facilidade de aplicação, rapidez de construção e redução de custos, comparados a soluções convencionais”, aponta Benjamim.

As perspectivas para o segmento de tecidos técnicos e nãotecidos apontam crescimento para os próximos anos devido às múltiplas funções que os produtos desenvolvidos por este segmento possuem. Levando em consideração o consumo aparente de mais de US$ 2 bilhões ao ano, a Abint prepara para 2015 uma Feira especifica para a cadeia que será realizada em São Paulo.

A maioria das pessoas não imagina como os tecidos técnicos e os nãotecidos estão presentes no cotidiano. Desde que a pessoa nasce até a hora em que morre. E durante toda a sua vida, os têxteis estão protegendo, dando conforto e embelezando o dia a dia.

 

Fonte: Abit