Apesar de o real ter se desvalorizado no último mês, saindo do patamar de R$
1,55 e chegando ao redor de R$ 1,75, a tendência é de apreciação da moeda,
segundo o economista do banco UBS André Carvalho. Presente a um seminário sobre
câmbio na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o economista
afirmou que, com a crise, o euro e o dólar vão se desvalorizar.
“No longo prazo essas moedas vão perder um pouco a força, como vêm perdendo
desde a última crise. Essa recente desvalorização do real é temporária, fruto da
volatilidade do mercado financeiro”, afirmou Carvalho.
A tendência de valorização do real acontece há alguns anos. A moeda saiu de
R$ 2,30 no começo de 2009 para R$ 1,55 em maio deste ano. Para o economista, a
curva de longo prazo evidencia a tendência.
“O governo apenas suaviza a
apreciação do câmbio. A linha do preço do dólar desce devagar, mas desce”,
disse.
O futuro do câmbio, no entanto, vai depender da manutenção dos preços das
commodities, que são fixados em dólar, e do cenário externo, principalmente da
crise na zona do euro, segundo André Carvalho.
“Hoje 70% das nossas exportações
são commodities. Por isso nossa moeda está muito relacionada a elas, que, por
outro lado, variam de acordo com a liquidez mundial. O que vai acontecer com o
real vai depender de como os europeus vão lidar com a falta de capital.”
(Rodrigo Pedroso | Valor)