Fonte: Folha Online
O varejo de vestuário vem aperfeiçoando seus formatos no País, apostando em
lojas menores e segmentadas por perfil de consumidores. Por trás disso está a
busca da redução de custos com abertura de lojas, a dificuldade em encontrar
grandes áreas de vendas nas maiores cidades do País e também em atender às
exigências dos consumidores, que com mais renda buscam peças com mais elementos
de moda.
"O consumidor que ascendeu à classe C está cada vez mais exigente", destaca o
consultor Maurício Morgado, ligado ao GVcev, o Centro de Excelência em Varejo da
FGV-Eaesp.
Segundo ele, antigamente, os grandes varejos eram conhecidos por
preços bons e mercadorias medianas, sem dar muita atenção à moda. "Bem ou mal, o
aumento da renda proporcionou aos consumidores adquirirem certos ‘luxos’. Com um
tíquete médio relativamente baixo, as prestações (de roupas) cabem no bolso",
diz.
Morgado ressalta que, enquanto o critério de escolha dos consumidores para a
compra de um televisor ou uma geladeira, em muitos casos, passa pelo melhor
preço ou condição de pagamento, no caso do vestuário o elemento moda pode ser um
diferencial.
Um desses exemplos é o da Marisa. Além de seu formato tradicional, com
produtos para toda a família, a rede lançou um formato exclusivo para o público
feminino e outro dedicado à comercialização de lingerie. "Os três formatos não
competem entre si. São momentos distintos de compra da mulher", diz o presidente
da Marisa, Marcio Goldfarb. "Tendo vários modelos de lojas, não perdemos
oportunidades (de expansão)", completou.
No caso da Renner, a empresa passou a investir nas lojas compactas, com áreas
até 50% inferiores ao modelo tradicional. A empresa projeta que até metade das
30 novas lojas programadas neste ano sejam compactas. "O projeto das lojas
compactas nos propiciará inaugurar, nos próximos cinco anos, cerca de 100 lojas
nesse formato", diz o presidente da empresa, José Galló.
A Renner testa ainda
dois pilotos de lojas segmentadas. Um deles é voltado à comercialização da marca
própria Blue Steel, focada no público jovem, que deverá contar com três unidades
inauguradas este ano. O outro é de lojas específicas para o público feminino,
com área de vendas semelhante às compactas e um mix de perfumaria, acessórios,
calçados, lingerie e vestuário feminino.
Público infantil. A Cia. Hering, que nos últimos anos deixou de lado a
produção de linhas de roupas básicas, em razão da sofisticação e procura por
novidades, lançamentos e moda por parte dos consumidores, também testa dois
novos formatos. Um deles é o Hering Kids, voltado ao público infantil, que
deverá encerrar o ano com quatro unidades. O outro é o da marca Dzarm, focado no
adolescente das classes A e B, que segue em teste até o fim do ano e pode
transformar-se em rede.
"Esse novo modelo será importante para o crescimento da empresa", avalia o
analista da Raymond James, Guilherme Assis, sobre a Hering Kids, acrescentando
que a expansão desse modelo poderá ganhar maior velocidade a partir de 2012.
Recentemente, foi a vez de a Riachuelo anunciar a criação de um novo formato
de lojas, dedicado exclusivamente ao público feminino, com áreas menores de
venda e departamentos de vestuário, calçados, lingerie e acessórios. Segundo o
diretor de relações com investidores da Riachuelo, Tulio Queiroz, o modelo
feminino é mais rentável e atraente, por ser focado em produtos campeões de
venda.
Para Luis Henrique Stockler, sócio-diretor da consultoria Ba Stockler e
professor da FIA/Provar e FGV, além dos formatos menores, as redes buscam também
fortalecer as marcas próprias com a criação de redes específicas. "A marca
(própria) precisa de um endereço físico. As redes têm marcas fortes, que em
muitos casos ficam perdidas dentro das lojas. Algumas marcas não têm
identificação com a própria rede", diz.