quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Classe C ganha lingerie, eletrônicos e cabeleireiros chiques e acessíveis

Aiana Freitas
Especial para o UOL Economia, em São Paulo
 
O crescimento da renda da classe C tem atraído novas empresas para o Brasil e feito com que companhias que atuavam no país focadas na população mais endinheirada mudem sua estratégia de negócios.

A marca de lingerie Baci, criada há um ano nos Estados Unidos, está chegando ao país para vender o que chama de "luxo acessível". Outras empresas estão lançando produtos mais populares ou criando novas marcas para atender a esse público.
 
“O objetivo da empresa é se tornar uma marca mundial, e o aumento do consumo e do poder de compra da mulher brasileira chamaram a atenção”, diz Marta Moraes, detentora da marca Baci no país. "A marca oferece produtos com preços até 90% mais baratos do que outras empresas de luxo do setor."

A marca já está presente em 24 países. No Brasil, os produtos serão vendidos inicialmente em lojas multimarcas de lingerie, mas a ideia é abrir franquias nos próximos anos. As lingeries, com preços que partem de R$ 25, começam a chegar às lojas até o fim do ano.

A fabricante de eletrônicos Sony, que já tinha atuação expressiva no mercado brasileiro com produtos direcionados para as classes A e B, decidiu neste ano mudar sua estratégia de negócios no país. O objetivo da empresa é passar a servir como símbolo de ascensão social para os consumidores emergentes.

Para atender à demanda desses consumidores, em vez de reduzir o preço dos eletrônicos, a empresa está analisando os hábitos de consumo e ampliando a oferta de produtos para a população de renda mais baixa. Equipamentos de som para casa e para o carro e câmeras digitais são alguns dos produtos pensados para atrair a classe C.

Rede de salões cria segunda marca para consumidor emergente

A estratégia do Grupo Jacques Janine, dono da tradicional rede de salões de beleza de mesmo nome, foi criar uma segunda marca, a Basic Beauty, específica para atender ao consumidor emergente. A expectativa da empresa é que entre cinco e sete unidades da loja Basic Beauty sejam abertas em São Paulo em 2012 por meio de franquias.

Uma unidade-piloto está em funcionamento no Shopping Largo 13, na zona sul da cidade, e faz cerca de 600 atendimentos por mês. Lá, o corte de cabelo sai a R$ 40 –no Jacques Janine, o preço médio é R$150.

“Para conseguirmos oferecer o serviço por um preço mais em conta, reduzimos o número de fornecedores da nova marca e optamos por trabalhar com produtos como xampus e condicionadores de marca própria”, afirma o diretor-administrativo do grupo, Olivier Chemin.

Lojas de departamento fazem parcerias com estilistas famosos

A professora de marketing e comportamento do consumidor do Provar-FIA (Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração), Elaine Brito, cita outras empresas que se aproveitaram do crescimento da renda da população de classe C para criar marcas específicas para esse público, como Boticário (que lançou a Eudora neste ano) e Kopenhagen (que criou a Brasil Cacau).

Outro sinal da atração gerada pela classe C ocorreu no sentido inverso: estilistas famosos passaram a firmar parcerias com lojas de departamento, atingindo um público que até então estava distante.

A Riachuelo, por exemplo, já lançou coleções assinadas pelos estilistas Pedro Lourenço e Oskar Metsavaht (criador da marca Osklen). Já a C&A contratou o estilista Renato Kherlakian, que era da Zoomp, para criar a linha de jeans premium da rede.