Matéria de Carlos Maciel
Do JC Online
Distante 190 km da Capital pernambucana, a cidade de Santa Cruz do Capibaribe é conhecida nacionalmente como a Capital das Confecções, destacando-se pela sua vocação inegável para a produção têxtil.
“Hoje a cidade faz parte do segundo maior polo de confecções do Brasil, superado apenas pela cidade de São Paulo. Outro destaque é em relação ao nosso PIB que marcou 13,65%, crescendo mais do que o do Brasil (9%) no primeiro trimestre de 2010 em relação ao mesmo período do ano passado”, orgulha-se o prefeito da cidade, Toinho do Pará (PTB).
Mas, como explicar o desenvolvimento acelerado de uma cidade situada numa das regiões com clima tropical mais seco do Estado? Simples, adianta o presidente da Associação Empresarial de Santa Cruz do Capibaribe (Ascap), Aroldo Ferreira.
“O dinamismo e a visão empreendedora do povo fez e faz total diferença. Como as famílias não estavam mais conseguindo se manter através da agricultura e pecuária, elas resolveram apostar na 'produção seca': a costura. Foi juntando restos de tecidos que esse povo começou a costurar o destino da cidade”.
Ao contrário do capital globalizado - que reduz o número de empresas e desemprega milhares -, a cidade desenvolve seu potencial têxtil dentro de um modelo econômico criado pelo próprio povo, que vem gerando emprego e renda para muitos. Tanto para quem é da cidade quanto para quem chega em busca de oportunidades.
E foi exatamente isso que aconteceu com o jovem Vanderley Alves, 20 anos. Natural de Pesqueira, ele encontrou na Capital da Sulanca uma chance de mudar sua história.
“Eu morava em Mutuca, distrito de Pesqueira e, ficando lá, iria viver e morrer na roça, como acontece com muitos. Então vim para Santa Cruz e foi aqui que consegui meu primeiro emprego e onde estou há quatro anos e não pretendo sair. Até porque, além de ganhar meu dinheiro e poder ajudar meus pais, eu ainda aprendi uma profissão", diz o hoje estampador de tecidos, com um sorriso no rosto.
CURIOSIDADE
Há exatos 45 anos, as principais atividades econômicas de Santa Cruz do Capibaribe eram, sem dúvida, a agricultura. Porém o clima seco, aliado ao índice de pluviosidade inferior ao de outras cidades da região, fez muita gente trocar a enxada pela costura. Foi aí que alguns moradores começaram a utilizar os restos de tecidos das fábricas da capital para fazer as tradicionais colchas de retalhos comercializadas na feira.
Essa cadeia produtiva foi aumentando e logo os comerciantes foram buscar no Sul uma malha chamada elanca, com um preço bem mais acessível, o que garantiria oferecer um produto com custo ainda mais baixo.
Depois disso, não tinha quem segurasse a habilidade e a visão do povo da Terra da Sulanca (Sul+elanca). Os retalhos começaram a ganhar novas formas e a produção local já confeccionava shorts, saias, anáguas e camisas. Era apenas o rabisco de uma moda que estava começando a ser desenhada para o Brasil.
Veja o que diz o empresário da Dalmon Boy, Dalvino Silva.