Demais
ramos, como brinquedos e eletrodomésticos, representaram o restante das
transações do comércio.
Alexandre
Pierantoni, sócio da área de fusões e aquisições da PwC, diz que, nos próximos
anos, o segmento de moda continuará movimentando um grande volume de operações.
"O setor é muito pulverizado", afirma. De fato, as quatro maiores
redes de vestuário do Brasil (Renner, C&A, Riachuelo e Marisa) detém juntas
apenas cerca de 10% do varejo de vestuário nacional, aponta um relatório
produzido pelo CGD Securities.
Este
cenário, aberto para consolidação e ganhos de escala, tem atraído cada vez mais
os fundos private equity ao setor, diz Pierantoni.
Este
ano, a maior transação no varejo foi na área de vestuário: a compra de 70% rede
de lojas de departamento fluminense Leader, pelo braço de investimento em
participações BTG Pactual, por cerca de R$ 1 bilhão. E um novo sócio, o fundo
Apax Partners negocia agora sua entrada no capital da empresa, apurou o Valor.
De
2006 para cá, o varejo de vestuário cresce a uma média de 10,9% ao ano, em
termos nominais, de acordo com levantamento da Associação Brasileira do Varejo Têxtil
(Abvtex). Segundo Pierantoni, o que mais atrai as gestoras é o alto grau de
sensibilidade do setor ao aumento de renda da população. "Em geral, as
pessoas não compram mais comida ou remédio por que passam a ganhar mais. Há um
limite. Com roupa e calçados, isso não acontece", explica.
Por
razões como essa, a Tarpon decidiu investir de novo em moda este ano, após
embolsar lucro com venda da sua fatia na Arezzo, varejista de calçados. O alvo
foi a grife paranaense Morena Rosa, da qual o fundo comprou uma participação de
60%, por R$ 240 milhões, em março.
A
fabricante da calçados Alpargatas também quis garantir seu espaço no varejo de
roupas. Com intuito de diversificar o portfólio, adquiriu 30% da Osklen e, em
até 17 meses, pretende assumir o controle da empresa fundada pelo estilista
Oskar Metsavaht, com a compra de uma fatia adicional de 30%.
O
valor total da operação vai depender dos resultados futuros da Osklen. Por
enquanto, a empresa pagou R$ 67 milhões como primeira parcela. A Alpargatas não
descarta a possibilidade de comprar outras empresas de moda de luxo, segmento
que costuma apresentar boas margens.
Ainda
no nicho classe A, a Restoque, dona da Le Lis Blanc, também se movimentou.
Pagou R$ 10 milhões à Marisol pela marca Rosa Chá, de moda praia, com planos de
expandir uma rede de lojas com a bandeira.
Os
varejistas on-line de moda também tem atraído o interesse de fundos. Com
previsão de faturar R$ 1 bilhão este ano, a loja virtual Dafiti, controlada
pelo Rocket Internet, recebeu aporte do J.P. Morgan, que pagou cerca de R$ 90
milhões por uma fatia minoritária na empresa.
Em
acessórios, a fabricante de relógios Technos, controlada pelas gestoras Dynamo
e Victoria Capital Partners, se fortaleceu no varejo com a aquisição da rede de
franquias Touch. O valor da operação poderá chegar a R$ 40 milhões, com metade
desse montante atrelado aos resultados da empresa nos próximos anos.
A
Chilli Beans, varejista de óculos e relógio com faturamento de R$ 148 milhões
no ano passado, chamou atenção do Gávea, que assumiu uma fatia de 30% da
empresa. Caito Maia, fundador e presidente da companhia, quer utilizar os novos
recursos para acelerar os planos de internacionalização da marca. O valores do
negócio não foram divulgados.
Fonte: Valor Econômico