Fonte: CACB
O nível de atividade econômica do país avançou 2,79% em todo ano de
2011, segundo informações divulgadas nesta quinta-feira (16) pelo Banco
Central. O Índice de Atividade Econômica do BC, o IBC-Br, é um indicador
criado para tentar antecipar o resultado do PIB pela autoridade
monetária. Sem ajuste sazonal, o índice subiu 2,72%.
O valor estimado pelo Banco Central ficou um pouco abaixo da previsão
do mercado financeiro, que espera um crescimento de 2,84% para o último
ano, de acordo com estimativas coletadas na última semana pela
autoridade monetária. O Ministério da Fazenda, por sua vez, prevê um
crescimento pouco acima de 3% para 2011. O próprio BC previu, em
dezembro, um crescimento maior, da ordem de 3% para 2011.
O resultado do PIB do último ano será divulgado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somente no começo de março.
Em 2010, segundo o IBGE, a economia brasileira registrou um crescimento
de 7,5%. Foi a maior taxa de expansão dos últimos anos, visto que, em
2009 e 2008, por exemplo, foi registrada uma retração do PIB de 0,6% e
um crescimento de 5,2%. Em 2007, por sua vez, a expansão da economia
somou 6,1%.
Desaceleração
A desaceleração da atividade econômica do ano passado reflete as
medidas tomadas pelo governo para conter a inflação, como o aumento do
compulsório e de exigências para empréstimos, adotados pelo BC no fim de
2010, assim como a subida dos juros até meados do ano passado pela
autoridade monetária e o bloqueio inicial de R$ 50 bilhões no orçamento
de 2011 efetuado pela equipe econômica.
A atividade menor da economia também é reflexo da nova etapa das
turbulências externas, que começou, com mais intensidade, no início de
agosto de 2011 com as dificuldades do governo Barack Obama em aprovar um
novo limite de endividamento para o país, e com o posterior anúncio de
rebaixamento da nota dos Estados Unidos pela Standard & Poors. A
crise na dívida da Grécia, e de outros países da Europa, também
contribuiu para aumentar a tensão nos mercados.
Os dados do Banco Central mostram que o nível de atividade foi
desacelerando no decorrer do ano passado. Até maio, por exemplo, o
IBC-Br havia registrado crescimento de quase 4%, recuando para 3,74% no
período de janeiro a junho e de 3,43% na parcial até agosto. Até
setembro, a expansão foi de 3,19% e, nos onze primeiros meses do ano
(até novembro), somou 2,88%, contra igual período de 2010.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas utilizadas pelo Banco Central para
definir a taxa básica de juros da economia brasileira. Atualmente, os
juros básicos estão em 10,5% ao ano. A taxa começou o ano de 2011
subindo para controlar as pressões inflacionárias. Foram cinco elevações
consecutivas até julho do ano passado.
Com a piora do cenário internacional, porém, o BC resolveu baixar a
taxa no fim de agosto e repetiu a dose em outubro e no final de
novembro, quando os juros recuaram mais 0,5 ponto percentual em cada
reunião, para 11% ao ano. No começo deste ano, os juros recuaram para
10,5% ao ano e o BC indicou que vai baixá-los para um valor abaixo de
10% ao ano no futuro.
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de
calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas. Para 2011 e
2012, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de
tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste
modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja
formalmente descumprida.